segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

TORTURAS PRÉ-CURSO




Numa tarde bastante ensolarada, eu e os meus colegas de sala fomos levados para o matadouro, isso mesmo, pois estávamos acorrentados uns aos outros despidos de grandes roupas e desprovidos de qualquer informação, não havia nenhuma justificativa plausível para o que eles pretendiam fazer conosco, mesmo porque não sabíamos o que estava por vir. Enquanto caminhávamos para o território desconhecido, meus olhos, ali parados, fitaram um recipiente que refletia um forte tom de vermelho. Seria o sangue de alguém que não fora obediente? Um suco de groselha? Pimenta líquida? Uma composição química radioativa? Não, era muito pior que tudo isso.

Tinta foi o nome dado a ela, mas a atração que ela exercia ao meu corpinho enxuto era quase irresistível, e depois de horas de andanças tornamo-nos praticamente íntimos, visto que ela percorreu todas as partes do meu corpo. Ah! Também fiquei íntimo do mel, do ovo, da farinha, o pó do café, aquela mistura, olho de peixe (um composto do enxofre) que nem aqueles gatos que habitam aquela ilha comeriam.

Nada nem ninguém poderiam evitar aquele afronte, nem mesmo a polícia, que acabava de passar pelo lugar da matança e nada fizeram ao nosso favor, e o pior de tudo foram as provas mais-que-concretas apresentadas, além da corrente que nos envolvia, perdemos as nossas identidades, nossos corpos sujos se debatiam uns com os outros, e ainda havia uma última tortura a ser realizada. Nosso fim estava muito próximo, fomos obrigados a nos humilhar diante todos, súplicas, gritos, correria, era isso que se via naquele lugar a céu aberto onde mendigávamos por respostas. Durante toda a exaustiva tarde eles riram de nós, cuspiram em nossas faces, obrigaram-nos a fornecer quantias para sustentar seus vícios, e nós toleramos tudo em nome de nossas escolhas.

Pobre de nós calouros, passado o trote, que venham as Graças do curso.

SACA SÓ:



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2 comentários:

Fábio Farias disse...

Hahaha, era isso que tinha na prancheta secreta de Suelen durante o nosso trote! :D

Gostei do texto, da perspectiva dramática dele. Muito bom mesmo. :)

Lamonier Araújo disse...

Creio que jamaika ficou um charme...nesse tom musgo com cuscuz sinhá...o texto ficou muito bom...criativo!