segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007




Então. Era uma vez na UFRN uma gatinha (no sentido literal da palavra) que vivia no setor V e quis mudar um pouco de paisagem para o setor logo à frente, o II, papear com alguns amigos felinos e catar migalhas deixada pelas criaturas estranhas que se autodenominam humanas. Vendo ao longe a forasteira, outro de sua espécie foi ao seu encontro:

- Outro gatuno para fazer concorrência na cantina?! Nada disso! Vá miar em outra freguesia! – ronronava o gato preto-e-branco, astuto na arte de roubar no lixo os mais suculentos pedaços de coxinha da região, claro, fazendo aquela bagunça com todos os sacos plásticos e espalhando tudo para todos os lados.

A gata do setor V, sempre presente nas aulas da turma de Comunicação Social das antigas, aprendeu a captar informações tão bem quanto seu faro para encontrar lagartixas nas calçadas esburacadas. Percebendo que o seu amigo se sentia mais poderoso do que o rei da selva, ela fez um alerta que caiu como água fria no orgulho mofino do gato preto-e-branco:

- Êta bichano brabo, sabia que se seu pêlo fosse listrado, combinaria melhor com seu futuro? A nossa vida de arruaceiros estará com os dias contados... – espiando com o rabo do olho, econheceu o assombro do seu colega e se justificou – o policiamento será total por aqui. Estão pondo cercas em todo o território e câmaras de vigilância.

O pobre do gato preto-e-branco, de tão ignorante ou talvez arrogante, já se sentia gente por tanto tempo de convívio com os humanos na cantina. E também ele pensava que as pessoas eram tão gatos quanto ele (também no sentido literal, porque ele achava ter uma beleza incomparável). Até imaginava que a sigla UFRN significava Universidade “Felina” do Rio Grande do Norte. Acreditou mesmo ser um meliante do nível dos assaltantes dos becos escuros, ladrões do patrimônio universitário ou de carros. Já a comida... a tão valiosa comida! “Realmente os humanos são muito espertos”, ele pensou certa vez, “sempre guardando a melhor parte da coxinha para depois. E ainda misturam com um bando de coisas com cheiro ruim para os ladrões não perceberem que ali tem algo tão gostoso”.

- Acuda minha querida Bast! – rogou o gato preto-e-branco para sua deusa felina do longínquo Egito – Ficarei só pêlo e ossos! Sabe como dizem, gato que mia não sabe caçar? Nem afio mais as garras por não precisar trabalhar!Em meio ao mio desmantelado do gato preto-e-branco, a gatinha chamou a atenção para dar-lhe o bote:

- Você tem sorte por eu ter muitos amigos influentes... dessa forma, dá para dar um jeitinho... – tentando copiar o olhar do seu astro de cinema favorito, que estreou na segunda aventura de um sujeito verde e feio, lançou um comentário ao ar... – se você arranjar uns pedaços de coxinha, uns cinco, para podermos conversar com calma na minha proposta...

- Eu vou! – resmungou o gato, querendo chama-la de rata, pior comparação que uma gata oderia ter, até mesmo do que ser chamada de cadela. Foi-se tremendo de medo, arriscando suas sete vidas por causa de uma mentirinha e um bando de conclusões precipitadas.

Moral da história: para gatos, seu semelhante é como rato. Mas alguns gatos têm atitudes de gente e outros que têm de ratos. Mas mesmo os gatos que parecem gente também se parecem com ratos. Sacou? Nem eu!FIM

Um comentário:

... disse...

Universidade “Felina” do Rio Grande do Norte

Tá, essa foi boa! :P~~