segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

A AMEAÇA DIGITAL

Na última semana desse janeiro de 2007, os especialistas em mercado de livros foram surpreendidos por uma notícia procedente da França. De chofre, um dos mais estáveis mercados editoriais do mundo experimentava a maior queda de venda dos últimos 15 anos.

Em Paris, à noite, nas cercanias da Sorbonne em pleno “Quartier Latim”, as calçadas dos bulevares são transformadas em incontáveis sebos. O hábito da leitura está arraigado no povo francês. Na cidade luz, há um grande número de leitores que permanecem horas a fio nas mesas de bares e cafés, lendo e degustando lentamente um vinho ou uma tradicional água mineral. Há um público cativo que compra livros no sebo em altíssima rotatividade. É muito provável que esse velho hábito francês tenha mantido estável o comércio de livros de bolso, um dos segmentos que se mantiveram regulares.

Na verdade, há algum tempo, o mundo ocidental tem experimentado um decréscimo nas vendas de outro tipo de leitura – a dos jornais impressos. Não só nos Estados Unidos, mas em outros países como o Brasil, tem-se percebido a diminuição de leitores de jornais. Esta perda é lenta, mas regular, comprovam os órgãos de controle de circulação e vendas.

Um fato marcante verificado em muitos países é a inexistência de leitores jovens de jornais. Eles preferem a rede mundial de computadores ou os tablóides gratuitos que já alcançaram mais de 15 milhões de leitores em todo o mundo.

Ao largo desse fenômeno estão os países orientais como a China (maior mercado mundial de jornais) e a Índia (terceiro) que têm mantido um apreciável crescimento na circulação de jornais impressos nos últimos 10 anos.

A retração de mercado, agora, atinge também o comércio de livros. Os segmentos mais afetados com queda de 4,5% (em relação a 2005) foram os livros técnicos, de medicina, as enciclopédias e os dicionários.

No caso da França, embora o país tenha produzido 58 mil títulos, (8,5% a mais que em 2005) e o aumento dos preços dos livros tenha sido de 1,2% para uma inflação no período de 1,6%, a informação da “Livres Hebdo” foi inesperada.

Os especialistas creditam às ofertas digitais, a responsabilidade pela queda das vendas tanto de jornais como de livros.

O mercado de livros e jornais está passando por um período difícil de adaptação. Afinal de contas, esse universo crescente de internautas não existia há pouco mais de uma década.

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